terça-feira, 27 de maio de 2014

O "amor" pelo psicólogo. (obrigada Freud e Mead)

Depois de adentrar em teu ser.
Depois de te revirar, te estudar, te acolher.
Sabia como te ajudar.
Sabia como te lembrar e te fazer respirar.
Depois de pensar..
Vi teu SELF desmanchado.
Vi a neura do teu SUPEREGO.
Vi a ânsia do teu ID.
Vi teu desespero pra ser alguém pros Outros Significantes.
Vi quando criastes tua máxima, se afirmando para o Outro Generalizado.
Vi que tua Linguagem era rasa.
Vi de forma mais enlouquecedora a briga sangrenta que desregulou teu EGO.
Vi e entendi tudo o que se passava da forma mais conexa que pude chegar de ti.
Te ofereci um colo. Não quis.
Te ofereci consolo. Não quis.
Te ofereci escape pra a angústia de tuas Pulsões. Não quis.
Entendi. Até sorri.
Tua felicidade não depende de mim. Nem de ti. Também não quis, eu, por muito
muito tempo ser feliz. Sinto que continues assim.
Sinto? senti.
Agora reflito na tentadora segurança do conhecido.
Reflito sobre o que fazer de mim.
Triste me faço ao ver a ti, assim.
As vezes ao me ver assim.
As vezes.
As vezes sou como ti .
As vezes esqueço de mim.
As vezes me afogo dentro de mim.
As vezes ainda me divirto com partes de mim.
As vezes ainda invejo os que, por sorte, não enxergam a si.
As vezes, me Perdi.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Profundamente

Cadê a estrela que raiou no céu fluminense?
Onde está a Semana de Arte Moderna?
Ora, passei longe das vanguardas
Me leve de volta
Cadê a pedra no meio do caminho?
Drummond retirou-a e levou consigo
A moreninha e Capitú
Estão todos dormindo
Dormindo profundamente
Tarsila, Oswald, Mário de Andrade e Quintana
Todos eles passaram longe de mim
Clarice arrastou Macabéa

Os campos franceses
O alaúde solitário de um homem viajante
A mulher de verde
Elizabeth
Eu acordei e reparei que estavam todos dormindo
De cada um, não saía um piu
Sem movimentos nem sinais de vida
Estariam todos dormindo?
— Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente

Mais complexo dos poemas

eu
ele
tu
dele
nós
somos
vós
sinônimos
quem
viu
vem
"shiu"
venci
venceu
perdi
morreu
e quem grana?
e tem ganha?
qual sua validade?
qual sua quantidade?
toma!

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Canto de lamentação

Sussurros de eternidade amorosa
Jogados, sinceros, no chão.
Séculos inteiros passados,
Todos eles em vão?
Nós, conhecidos, vamos nos encontrando
Vida após vida.
Em cada reencarnação
Outra mentira vivida?
Não.
Somos uma dupla de almas perdidas,
Mas somos amantes até tuas palavras serem corrompidas
E eu ser deixado pra trás
Como a própria entidade que não mais importa.
Como um amor de fidelidade torta
Que é esfaqueado por quem se esconde atrás da porta.
Está aqui.
Encare-me. Sou o meu medo.
Aqui, não encontro paz nem sossego.
Tu não me satisfaz e sempre pediu arrego.
Eu te segurei por esses anos,
Tentei demonstrar sincero afeto.
Se tu caías, te envolvia debaixo do meu teto,
E assim, quem diria, ia se desgastando uma relação
De quem tentava ser alguém
Como eu tentei ser pra você
E do outro que me nega e me rega água de choro.
De quem não me inclui e diz que, de mim, não se constitui.
Aqui, olhe os sonhos de uma amizade mais que terrena
Deixada pra trás por nossos problemas.
Ora, olha.
Não sei se te convém,
Mas a distância não satisfaz
Um alguém que quer ser prioridade.
E, apesar da nossa idade
E nossas possibilidades
Você clama por ser deixada em paz.
Será que esse amor não volta mais?
Encare, aqui, a minha alma
Amaldiçoada pela eternidade.
Se delicie com a minha vida a definhar.
Aqui jaz minha alma e meu amor.
Aqui jaz.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Jogo de amor

O amor é o jogo mais maldoso,
É o sentimento mais sacana.
Te faz tremer quando te chama.
Te arrepia os cabelos, se esconde debaixo da cama.
Camufla as verdadeiras intenções.
Se apodera dos beijos,
Dos desejos.
Te mostra e te joga confusões.
O amor, ninguém sabe o que é.
De noite é cuscuz,
De tarde é biscoito,
De manhã é café.
De dia, te seduz,
De madrugada é afoito.
O amor te maltrata.
É o sentimento sombrio
Que ninguém diz o que é na lata.
É magro, é gordo, é baixo e esguio.
O amor se joga no jogo da vida
E nos força a jogá-lo.
Não há vez nem dados.
Nós somos os pinos,
A vida é o tabuleiro,
As casas são interrogações.
Nos movemos por vontade própria
E, claramente, sem saber
Quando seremos atacados novamente
Por este assustador ser.
Ele planeja.
Por si só, deseja.
Tem seus segredos não compartilhados.
Ele está a espreita, com seus olhos famintos.
Quando estamos amando,
Nos faz de iludido,
Nos eleva e nos faz bem
Para levar de tudo um coração partido
E sermos do amor um refém.
Pior de tudo
É quando se perde as esperanças
E não procuramos mais amor no mundo.
É aí que ele dá uma de legalzão.
Sem você pedir, ele entra em ação,
Te joga na vida aquele alguém bem especial
Que você nem tinha pedido
E não se esforça pra conquistar ou ser conquistado.
E aí depois, quando a peça acaba,
A chama do amor apaga.
Sai de cena outro coração magoado.
Amor, seja justo então!
Olhe sincero o tremor da minha mão.
O bater do coração.
Não seja, em mim, a minha maldição.
Se possível, te faço um desejo
E te pago até com propina.
De tudo na vida, eu apenas almejo
Que meu amor de verdade seja aquela menina.
Meu coração provê sincero latejo.
Realiza pra mim o meu querer de uma sina.

Musicalidade

E se a chuva fosse uma música
Entre gotas e gotas, uma nova nota
Um acorde
Se cada objeto fosse seu instrumento
E eu? Que instrumento eu seria?
E qual som soaria? 
Digo, qual nota eu seria?
Os chuviscos, uma doce melodia
Os pingos fortes, quem sabe, o som de uma bateria
E quem dirá como seria o de uma tempestade
E os trovões também cantariam?
Os granizos... que som?
Instrumentos da natureza
Daria uma bela melodia ou um som catastrófico
E o cair nos guarda chuvas
Que som se espalharia? 
E a calçada de pedestres 
Quantos pianos teríamos?  
E quantos dos fios de telefonia não dariam belos violões? Violinos?
Quantos instrumentos de cordas seriam
E o vento? Seriam as flautas?
Ora, quantos sons se formariam 
Uma enorme sinfonia.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Lá e lô

Ele ousava dançar, com os pés levemente graciosos.
A carregava,
A conduzia pelo ar da maresia,
E no assoalho do navio
Ia sendo emitido o som dos passos
Que o mar, batendo no casco, tentava abafar a toda hora.
Já passava do meio-dia,
Mas ainda estava escuro.
O navio era levado por um capitão sem cabeça.
Todos no convés olhavam a dança e achavam chique.
O homem era um dançarino nato e a mulher sabia bem seguir seus passos.
Ao final da música, um beijo.
Ele, apaixonado.
Ela, com os lábios secos,
Surpresos,
Imóveis.
E na cabeça dele, a maior declaração de amor já feita.
Ao se retirarem da pista, ele a levou para a proa.
Abriu os braços dela e se sentiu como num filme.
O vento passando pelos seus cabelos
E ele sentindo o perfume mortal do seu amor.
Segurando as mãos dela, sentiu o frio de seu corpo,
E mais uma vez, sem conseguir se segurar, a beijou.
Terminada a viagem, poucas horas depois,
Chegou com ela à terra firme.
Seguro do chão, agora tinha também abraços apertados.
Novos passos de dança pela areia.
Marcas do rastro se perpetuando
E sendo apagados logo em seguida
Pela crueldade severa do mar.
Ele puxou-a para um mergulho na água.
Ela, ainda de vestido,
E ele, amando loucamente, perdido.
Olhar sincero seguido de choro.
Ali estava o fim de toda a angústia.
Segurou as mãos frias.
Mais um beijo na boca,
E era tempo de se despedir.
Soltou o formoso corpo no mar,
Doendo em seu coração o partir e o partido.
O corpo dela foi boiando suavemente,
O vestido de renda flutuando feito mágica.
Ali, ele viu.
O mar se acabou,
E o amor, se afogou.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Insaciável

Aquela fome que dá
Ao te querer na madrugada
Ignorar? Haha
O objetivo é sempre mesmo se render ao prazer
Misturado com o calor da tua pele atritando na minha
Não se hesita nem se corre
Quando se está cercado entre quatro paredes
Os corpos possuem mais que força gravitacional
Mas, se me percebo sonhando acordado
Paro em frente à pia e ao espelho
Lavo o rosto
E volta pra cama pra sonhar o prazer que me consome
Se eu não resistir, meu bem
Atenda o telefone

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Pianismo

Os dedos sábios pressionam as teclas
Que impulsionam sons de cordas camufladas
Eu gosto é de ver o preto e branco
Sendo, levemente, executadas
Dando voz a um novo canto
E harmonias belas, requintadas

Pelos dedos do pianista dá pra ver
A formação de um belo ser
Impalpável é sua essência
Que chega para a todos comover
Toques rápidos, simultâneos
Melodias de homens tirânicos
Nos tomam pelas mãos a primavera
Percorrendo, depois, todo o verão
Não esquecendo do claro da lua singela
E todas as outras sinfonias
Imortais, como o próprio nome
E assassinas
Do meu ponto de vista de apreciador

O pianista é mesmo um grande mestre
Cheio de desenvoltura e maestria
Conduz a carruagem da sinfonia
Regido ou não por alguém ainda mais incrível
Mas a particularidade e a grandeza do regente
A gente deixa pra falar outro dia
Pois se sabe, através do piano
O que é bonito
Se escuta lá o silêncio das estrelas
O codinome beija-flor se revela
E dá pra se provar que tudo não está perdido

Ora, seja assim o ato de "pianar" tão belo
Pianemos então, meus amigos singelos
Habilitemos nossa percepção a promover o que há de mais complexo
Transformando a complexidade musical
Em algo simples, ou talvez léxico
Palavras nos são fáceis de entender
Mas poderia também o próprio pianismo ser
Se o tão pouco de literatura não já nos tivesse bastado

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Perfeito

O que vem de dentro
E vem só de si
Pensa-se que deve ser completado
Que todo amor deve ser consagrado
Ora, sim
Se quisermos colocar tudo a perder
Se quisermos viver os riscos da vida
Que, te digo com certeza, valem a pena
Ninguém se expõe por burrice plena
Só os iludidos demais para perceber

Toda declaração de amor
Passa futuramente a ser um compromisso de morte
Uma tentativa frustrada, mas sincera
De querer revelar um amor duvidoso
Todo amor declarado
Automaticamente se torna corrompido
Depois de um tempo, o amor fica dividido
Os amantes tendem a escolher lados
As discussões vão vindo
Concordâncias serão trabalhos árduos
E todo o esforço pelo outro
Às vezes parece banal e desnecessário
Mas a exposição se torna uma grande dádiva futura
O que se passa de verdade
É que nenhum amor virá a ser perfeito
Pois este, quando se concretiza
E quando as duas partes se encontram envolvidas
Faz o mundo girar diferente
E as ilusões das pessoas são desconstruídas
Melhor assim?
Não sei
Melhor morrer de amor?
Ah, posições críticas são muito difíceis de serem tomadas
Só o que fica da jornada revelativa do amor
É que ele só é e permanece perfeito
Quando está em segredo no peito e na alma de quem ama
Pois se o coração por si mesmo
Chega para a alma do outro
E apaixonado se declama
A ilusão do amor se desconstroi
Mas o amor, este permanece
Mais forte a cada dia
Ou mais doloroso a cada morte

Volte a dormir, ou não

Se você está aqui
se cabe ou não por ai
eu não te vejo e perco a paz
então me cubro, e você me faz

Não te acho, não descubro
o seu esconderijo, tão escuro
que me perco em um desejo
o delírio de teu beijo

Eu queria te abraçar forte
já procurei mil passos ao norte
e agora continuo a caminhar
sabendo que nunca vou te encontrar

Estava tão perto, a minha calma
você que é igual a minha alma
não completa, não faz sentido
é um desejo, nada divertido

Esse é meu amor ideal
que pra você, não vale um real
mas que pra mim é uma vida
quando durmo, quero só ida

Então acordo para viver
mas ainda não consigo te ver
e luto por eu ter lutado
que pra te ver, fiquei chapado

Caiu a ficha recentemente
de que você não é gente
e nunca estará ao meu lado
pois meu sonho é ficar acordado

terça-feira, 6 de maio de 2014

Casos e acasos

Vi imagens ao longe
Chegando mais perto, lá vinha ela
Acenei mesmo de onde estava
Por outras bandas andava Isabela
Sem ao menos me reconhecer

N'outra esquina da vida
O mais belo dos sorrisos me sorria
Deixando-me triste com a partida
Eu avistava, encantado, Maria

Por outros viveres
Descobri que solo ela era a razão de mi vita
Me encantava com seus múltiplos saberes
Me tremia as pernas a linda Thalita

Eis que me deparo num acaso
Com um ser diferente, uma mulher linda
Minhas atitudes, cheias de atrasos
Me negou, Carolina

Mais do que o simples exterior
Achei em seu fundo o que eu quis
Ainda assim, me destruiu o amor
Foi assim com Laís

Veio surgir em mim uma coisa nova
Trazida por feição arcana
Não quero escrever em prosa
Não quero te dar mais rosas
Nem quero tuas mãos prazerosas
Nem tua beleza primorosa
Nem tua personalidade valorosa
Se nosso futuro é uma coisa tenebrosa
O teu amor me confunde, me engana
Me deixa viver, ó Mariana

Deixa acontecer...

Amei meu melhor amigo.
Fui abandonada.
Quis meu amor de verão sendo eterno.
Sonhei somente.
Pensei ter encontrado o que procurava.
Me enganei.

Mas tudo o que aconteceu
Foi para hoje ser assim...
Assim com um anjo do lado
Me protegendo à todo custo.
Assim com um amor junto à mim
Com um coração maior que o mundo.

Estranho o modo como o destino trabalha,
Mas não há erros.
Então,
Confia.
Depois de hoje,
Nunca mais duvido do futuro.

domingo, 4 de maio de 2014

Como Tereza?

Ai Tereza! Como dói.
Me diz, Tereza, como conseguistes.
Me ensina, Tereza, como não chorar.
Me conta, Tereza, como não se desesperar.
Me empresta ,Tereza, essa tua força.
Me dá, Tereza, a tua esperança de encontrar.
Me convence, Tereza, a não me matar.
Me sussurra, Tereza, que vai passar.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Incertezas

Quis ir embora
Mas fui mandada ficar.
Quis ficar
E recebir ordens para sair.
Desejo esse
Que vem do meu coração
E me confunde,
Mesmo que sem intenção.
É algo novo
Que me faz querer voltar
Pelo leve medo de perder.
É algo inesperado
Que me faz querer ficar
Pelo simples fato de me fazer sorrir.
É uma paixão
Com impressão de ser forte,
Mas que não suporta o tempo ou distância.
É um amor duvidoso
Com o sonhos de ser eterno,
Mas com a incerteza do futuro.
Terá sido obra do destino
Eu ter sido chamada aqui?
Queria saber
O que é que está reservado para mim.