domingo, 29 de junho de 2014

Brenda

Brenda nunca foi na Sé...
Ao invés disso, Brenda ia na fé.
Ia, imparável, de encontro ao seu destino.
Nunca queria fazer por menos.
Ela metia o pé
E abraçava o que via pela frente.
A compaixão que lhe cabia.
Fazia sentir amor permanente.
Ela nunca subiu aquela morro.
Ao invés disso, ela descia contemplando tudo
E observava as luzes dos barcos na imensidão do mar.
"Aqui eu morro", dizia Brenda.

Brenda
Que nunca colocou um pé em Olinda...
E eu não tinha dúvida da sua vinda.
Ainda que ela quisesse parar sempre no caminho.
Ela queria sempre investigar minuciosamente
As novas paisagens que ia descobrindo,
E ia se descobrindo nas paisagens.
Seus olhos castanhos levando a novos horizontes.
Era só isso que eu queria dizer.
Brenda cheia de graça,
Morava longe da Sé,
Andava junto da fé
E lhe caberia como uma luva ser uma grande aventureira.
Sim, ela o faria com sucesso.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Garota traz-problema

Olha que coisa mais linda
Que não tem graça,
É a chuva bonita
Que vem e não passa.
Alaga Recife e a mistura com o mar.

Chuva que vem demorada,
Que umedece e esquenta.
No seu alagado,
Tem quem inventa
De, na sua vinda,
Tentar atravessar.

Ai, estou alagadinho!
Ai, por que a chuva insiste?
Ah, esse inverno em Recife!
O inverno que destrói nossa vida,
Que alaga casa e avenida.

Ah, mas se ela viesse
Com bem menos raça,
Recife inteirinha teria mais graça
E estaria sorrindo
Matando o calor!

sábado, 21 de junho de 2014

Pra trás

Estranha solidão de isolamento.
Amizade jogada no ar,
Sujeita ao esquecimento.
Quase dois meses se passam,
E sempre tem aquelas horas
Que você olha o passado
E lembra do que queria esquecer.
Do que te separa em tua vida
Da essência de teu ser.
São vários os pensamentos progressistas
Ao mesmo tempo que dou sempre passos para trás.
Você se esconde atrás dos arbustos.
Eu sei.
Eu percebo.
Eu sinto você,
Mas apenas tolero.
Posso ver você se mexendo,
Mas prefiro me fazer de cego,
Já que assim, menos dor causará.
E depois disso tudo, o que me tornei?
Um dos mais incríveis seres humanos
Que busca incessavelmente o poder que tanto desconheço
Entrou na minha vida muito tempo atrás.
Me retirou de sua vida,
Mas ela não saiu de mim.
Quando nos demos conta
Estávamos aqui.
Ela, decidida e com anseios
Eu, pra ela, sem propósitos
Ignorante e nem sempre tão lúcido.
Fui sendo deixado pra trás.
Sendo deixado pra trás.
Deixado pra trás.
Pra trás.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Nada além do nada

Hoje é feriado
e estou muito ocupado
nada pra fazer ali
nada pra fazer aqui
Quero apenas algo simples
quero apenas algo comum
então vou andando sem rumo
pra chegar em lugar nenhum
Quero graça, quero calma
quero diversão, assim paradão
sem buscar, nem ter que ligar
só quero deitar e esperar passar.
Talvez sair pra comer...
talvez só queira uma mão
mas acho que estou aqui deitado
apenas enchendo o coração.
Parece que me tiraram dali
parece que foi avulso
botando a cumpa em si
sem aumentar o pulso
O vento é minha agitação
quero muito sentir novamente
bater o meu coração
na minha mente.

domingo, 15 de junho de 2014

Dançando na chuva

Aquelas duas pessoas paradas na chuva,
Se você ainda não reconheceu, somos nós
No momento exato em que o contato visual é silencioso,
Mas diz mais que qualquer texto já escrito.
Você me cercou num campo totalmente aberto
Apenas com o poder dos seus lábios,
E com um delírio do coração
Eu vejo que a gente dança.
Eu vou nervoso, descompassado.
Você, flutua, esbanjando elegância.
E o meu coração suspira apaixonado
Com a chuva caindo em pujança.
A cena que ali nos apresenta é real
Mas tem toda uma atmosfera que parece um sonho.
Você me chama pra perto, e eu palpito.
Você me chama pra perto, e eu não hesito.
Você me chama pra perto, e eu quase caio.
Você chega mais perto, e eu já desmaio.
O guarda-chuva se torna totalmente dispensável
À medida que os corações se aproximam.
Os braços se deixam levar
E os corpos se revelam à chuva.
As gotas passeiam na superfície do rosto
E as feições nunca foram tão sinceras.
Os olhares se fixam e se confundem.
Os sorrisos aparecem e já anunciam o que há por vir.
Dali pra frente,
Os sorrisos se desmancham
E viram beijos.
Demonstrações eternas de desejo.
Dança mais pura e mais doce dos lábios
Que podemos dançar, todo dia, dezenas.
Mas na chuva, tudo vira cinematográfico,
E além de dança, nosso beijo vira uma cena.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Encantamento invunerável

Qualquer assunto é assunto válido.
Uma espinha se transforma em uma linha.
Um enunciado pronto pra ser usado.
Tem o que fala,
Tem o que escuta,
E os papéis vão se invertendo.
Não é uma simples dança.
Não há condutor,
Há apenas o fulgor de dois sorrisos
Contemplados por olhos atentos.
A cada palavra,
Cada ação,
Olhos que vão guardar para o resto do corpo
E vão materializar todas as memórias desses momentos.
Não importa se são palavras curtas
E se as vezes o silêncio tem mais a dizer.
A simples companhia já é o sinal necessário.
O desdobramento de opiniões,
Por despistar mais soluções,
Já dá pra saber as decisões.
Dá pra saber que estão ali enquanto algo circula no ar.
Uma magia um tanto cheirosa
Que acolhe, acalma e esquenta,
Que intimida e nos faz calar,
Mas que transforma o próprio silêncio no que se precisava ouvir,
E que quebra as barreiras de limitação dentro de nós.
Os sorrisos parecem muito mais sinceros
E os esforços compensam muito mais.
Os abraços são mais caloroso
E os corpos são mais íntimos.
Essa magia vem e atordoa sem se ver,
Sem se ouvir
E sem se sentir ou cheirar.
Ela chega em você, nele e em mim,
E pra acabar com essa supressão sem fim,
Só outro ser encantado com o mesmo encanto
Pra me salvar.

Nosso (o eu)

Gostava do tempo em que a vida se resumia
Em luz, cores e sons.
Por mais simples que fosse
Era possível tocar e sentir o ar celeste.
Uma vida feliz
Mas com o passar da altura que meus olhos podiam alcançar
Percebi o circulo em que vivia
E por curiosidade, resolvi sair
Era difícil escalar o circulo
Aos poucos fui avistando um horizonte
Um lugar novo
Era assustadoramente chamativo
E aos poucos fui me distanciando do ar celeste
Do simples
A partir das quedas e arranhões
E do angulo que vi aquele horizonte
Fui tornando quem sou.
E vi que era um lugar muito diferente
Me perdi
Esqueci onde ficava o circulo
Esqueci o que era felicidade
Era preciso sobreviver nesse mundo
Então montei um quadrado para me proteger
E um triangulo para me guiar
Se eu quisesse um dia voltar
Teria que lembrar.
Então novamente, aprendendo.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Cantiga de vida

Com um toque delicado no ombro
Ela vem e me chama.
Faz tremer todo o meu corpo.
A respiração fica descompassada.
Ao olhá-la, não sei mais nada.
Estou perdido onde deveria estar.
Mas, como o homem na visão de Michelangelo
O tempo para antes d'eu tocá-la
E o reverso volta as cenas
Antes construídas pela minha cabeça.
Mas nem por isso me acalma.
Eu vejo o branco da tua luz.
Tu me balanças por dentro, até a alma
E faz o que sabe: me seduz.
Deixa, à noite, meu coração em tormento.
Só de pensar, já me vejo nervoso.
Meus olhos vagam os espaços abertos.
Me encontro, num sonho, submerso
E me acalma perceber tua presença
Até o momento no qual os olhares não mentem
E, quando percebo, já estou te beijando mentalmente.
Antes do meu suspiro terminar,
Você já rouba meu fôlego.
Eu vou andando desritmado.
Sintomas de um coração apaixonado
Que apenas por ilusões, sente coisas reais.
E se o sentimento é unilateral,
De que adianta sentir com fervor?
É canto tão triste a cantiga de amor
Eu, na verdade, só queria estar contigo.
E se realizarmos essa paixão,
Pode até ser mais que cantiga de amigo.
Seguro tua mão,
Puxo meu violão,
Tudo estará resolvido.
Assim, vamos cantando juntos
Que a graça da vida é estar sempre contigo.

sábado, 7 de junho de 2014

Ainda bem

Ainda bem que você vive comigo
Pra quebrar meu casulo
Me mostrar a quebra de barreira incluída
Ao sair da minha casa, que eu posso deixar perdida
E me mudar de mala e cuia pra algum lugar perto do seu coração
Ainda bem que quebrar meu casulo já basta
Eu não preciso me jogar do oitavo andar
Pra você saber que ajo de maneira estranha
Mas sinto o que sinto da mesma forma
Não preciso me transformar em caricaturas
Nem preciso ser tuas pinturas
Nos olhos da negação
Eu não preciso ser criticado por ti
Se tu é quem mais me entende
E me cerca pelo teu conhecimento limitado
Que, ainda assim, é basicamente mais do que eu sei
Ainda bem que eu não preciso lembrar quem sou
Já que todo dia, você me lembra onde estou
Pra onde quero ir
E como chegarei lá
Apenas me enxergando em ti, eu posso me definir
E sei, eu faço parte de você
Assim como você faz parte de mim
Eu olhei no espelho
E fiz um discurso
Eu ouvi no rádio
E de repente
Nós somos um só
E, sintonizados no canal da paixão
Já dá pra se perceber
A gente vai se ensinando
E o amor vai mostrando
Como eu realmente deveria ser

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Um peixe!

Se eu pudesse ser um peixe,
Eu nadava até teus braços pra te explicar.
Antes de procurar minhas algas por aí,
Eu ia te acompanhando no nado,
Juntinho de ti.
E nada nada como eu nado,
E nada jamais nadará como nosso amor
Que nunca há de ser acorrentado.
Nunca há de se transformar em fulgor
Se fulgor já sinto no meu nado
E não mais apenas paixão.
Pra tu me querer e te ter ao teu lado,
Não preciso de varinha ou varão,
Nem isca, nem paciente desesperado
Na beira do rio, no sol de verão.
Se por ti eu já me encontro apaixonado,
Eu te persigo e nado.
Nada nadará como eu nado por ti,
Que nadar por ti já me traz emoção.