quarta-feira, 9 de julho de 2014

Pressão

Naquele tempo, as conversas eram mais duradouras,
Os sentimentos eram mais sinceros.
As brigas não queriam dizer nada.
O amor as superava
E começam novos objetivos,
Novas necessidades.
Gritos de solidão jogados no ar
Para alguém que não mais queria ouvir.
"Deixa de pressão", eu sempre escutava.
Brigas constantes e reconciliações automáticas.
Risos na madrugada,
Mas a noite sempre começava mais tensa.
Forcei minha voz da rouquice à mudez
Para não mais teres que ouvi-la.
Esperançosa, teimaste em me escutar
E quando minha loucura chegou ao estopim,
Não aguentaste.
O abandono se seguiu
E me fez um louco desolado,
Cego e ignorando a solidão que me assola.
Eis que, um dia, tomo conta
De que me encontro num vazio espiritual
Que me devora com veneno letal,
Que é tudo o que eu menos queria.
Não há mais motivos para otimismo,
Nem motivos para poesia.
Não há mais motivos para estudantes,
Profissões e hipocrisia
Não há mais futuro à minha frente,
Pois, minha frente, eu já não consigo enxergar.
E outras vozes vêm em minha cabeça
E me vem a atormentar.
"Nunca vai te perdoar. Nunca vai te perdoar".
Me sufocam assim o coração
Que, num suspiro final, me sussurra:
"Deixa a depressão"

Nenhum comentário:

Postar um comentário