quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Esquina

Não espero que entendas porque deixei de lado a tua presença,
subitamente, sem previsão.
Saibas que com as palavras escritas sobre a mesa
está toda aquela pausa súbita que envolve minha respiração
quando em ti contato.
Pertenço as luzes da rua que não aguentam esse seu "meu" e esse seu "sempre".
Saibas que encontro, a cada esquina que viro, um amor.
Verdadeiro, eterno e intransferível.
Mas sei que quando te ver em casa, sentirei a mesma coisa que sinto pelos olhares dos anônimos que nunca chego a conhecer.
Amor sufocante e nato mas que você insiste em estragar o restringindo a sua posse.
Não entendes que és a protagonista dos meus devaneios futuros?
Que as outras peles que visto se dissolvem no momento em que viro a outra esquina?
Não, não entendes.
E é por isso que te deixo.
Quero que você descubra suas efemeridades, suas peles e o gosto de outros lábios.
Aprenda a compartilhar a minha carne com o mundo.
E quem sabe, outro dia, não me encontres ao virar a esquina.

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