segunda-feira, 22 de abril de 2013

O grande julgador


     Tinha vontade e espírito de um rei. Queria tudo como desejava. Não gostava de ser criticado, mas sabia julgar como ninguém. Parava, analisava e apontava coisas sobre todo mundo, não necessariamente ruins, é claro. Deixava tudo guardado em sua mente, mas quando externava seus pensamentos, fazia as coisas virarem um caos.
     Certo dia, viu-se diante de uma situação bastante peculiar. Viu colegas de trabalho divergentes discutirem e não chegarem a um acordo conciliativo. Rei de seu próprio reino imaginário, decidiu intervir na discussão. Julgou o "lado certo" a defender e decidiu por criticar quem achava que estava errado.
     Depois de várias tentativas de defender o que era "certo", ganhou o apoio de pessoas ao redor que pensavam da mesma forma. Mas como não há como agradar a todos, foi duramente criticado pelos que dele discordaram. Por não conseguirem ser tão convincentes quanto ele, começaram a julgá-lo. E julgaram, xingaram, gritaram. E o grande julgador logo pensou "Ignorantes! Não sabem argumentar e tentam espernear qualquer coisa para me fazer parar de falar".
     Se retirou da discussão por achar que aquilo não ia ter o resultado esperado. Subiu a colina sob a luz das estrelas e parou para refletir. Quando se deu conta, estava sangrando. Percebeu que tinha provado de seu próprio remédio, e o gosto era péssimo. O grande julgador tinha sido finalmente atingido por um nocaute arrebatador que abrira uma grande ferida em suas entranhas. Uma ferida profunda. Uma que nunca mais ia sarar.

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