sexta-feira, 26 de julho de 2013

Memórias

Quando eu era mais novo,
Eu via a chuva caindo na manhã ensolarada
E meu pai, entusiasmado, logo anunciava:
"Olha o casamento da raposa de novo!"

Eu assobiava alto,
Andando pelo estacionamento do edifício
Ouvia coisas sobre um tal de hospício
E odiava ter que ir pro Jardim Planalto.

Gostava de visitar minha avó do interior.
Prestava atenção pela janela do carro em toda vegetação passada.
Botava um sorriso no rosto quando via a Serra Talhada
E ia-me embora brincar no calor.

Minha outra avó, só vivia na cozinha.
A gente chegava tudo com fome,
Passava pelo povo comendo, que eu nem sabia o nome
E já saía procurando aquele pedaço de galinha.

Desde sempre, era reservado.
Nunca fui de falar muito,
Mas tudo parece que tinha o intuito
De me deixar facilmente chateado.

E minha mãe, não sei como tinha paciência.
Eu tinha pavio curto e era violento.
Qualquer andada mais me parecia um tormento
Pois me tiraram toda a benevolência.

Cresci sozinho dentro de mim,
Sem me expressar nem me mostrar pro mundo.
Pra um ou outros, sou eterno vagabundo,
Mas pra mim, eu sou só assim.

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