sábado, 4 de maio de 2013

O grande julgador e os julgamentos de terceiros


     E lá estava ele de novo, na sua. Sentado num banco, curtia seu reino imaginário outra vez, viajando distante em sua mente. Percebeu a aproximação de três fêmeas e as julgou, como de costume. Nenhuma delas era bonita ou parecia ser interessante o suficiente pra ele. Ignorou-as então, voltando para seu reino de harmonia. Em certo momento, mais uma fêmea se aproximou. Julgou-a, para não perder o costume. "Que menina feia", pensou.
     Daí, esperou um pouco e se concentrou na reação das outras fêmeas quando a "feia" se aproximou. Sentadas próximas a fêmea "feia", riram e julgaram quase discaradamente. Duas que estavam um pouco mais distante disseram baixo "olha a franja dela" e riram. Espantado, o grande julgador se sentiu culpado em julgar. 
     Depois da fêmea "feia" bater em retirada, as demais continuaram falando e rindo dela. O deboche foi tanto que o grande julgador sentiu de novo suas cicatrizes arderem. Sentiu a áurea da fêmea "feia" que, se tivesse ouvido cada xingamento proferido, teria se entristecido. Sentiu-se um lixo. Um lixo ardendo em chamas com suas cicatrizes. Sentiu outra vez como era ser julgado.

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